O sonho do Hexa

Marina Morgan
2 min readJan 12, 2023

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10/12/2022

Quando tirei essa foto ontem, no bar do Orlando, o Gui me disse “ela pode ser a foto da sua crônica esportiva”. Pensei: e eu lá sei escrever crônica esportiva, gente?! Gosto de futebol, mas não sou uma grande entendedora. No último jogo, quando o Brasil fez 4 gols em cima da Coreia (bons tempos), eu comentei que deveria ser muito difícil pro juiz marcar um impedimento ao mesmo tempo em que corria atrás do jogadores. Sim, aquele impedimento, marcado pelos bandeirinhas.

Acontece que mesmo sem saber tudo tim tim por tim tim, futebol é um trem que eu acho bom demais, principalmente na Copa do Mundo.

Como é bom ver o frisson que toma conta do país, como é boa a ansiedade pré-jogo, como é bom se organizar com os amigos pra decidir onde assistir o jogo — fazer churrasco — comprar cerveja — xingar o juíz (afinal, todo brasileiro é meio técnico de futebol) — gritar GOL! e abraçar quem quer que esteja do seu lado. A emoção de um gol é inexplicável.

E dentre as várias pessoas que estavam no bar do Orlando e as quais eu abracei efusivamente naquele golaço da seleção brasileira no primeiro tempo da prorrogação, estavam essas crianças. Quatro meninos, de idades diferentes, assistindo talvez sua primeira Copa do Mundo. O camisa 11 estava sempre com a bola debaixo do braço. O Cachacinha, como apelidei carinhosamente o camisa 51 (abro aqui um parêntese para elogiar o senso de humor dos pais deste), andava pra lá e pra cá com seus óculos de sol vermelhos. Os outros dois, aparentemente um pouco mais velhos, não desgrudavam os olhos do gramado.

Me lembrei das Copas que vivi quando criança (sou de 90), daquela em que levantamos o caneco e de todas as derrotas doídas que vieram depois. E percebi que as vitórias são realmente incríveis e as derrotas doem mesmo, mas as duas coisas passam.

Lembrei disso quando, no fim do jogo, esses menininhos que cruzaram os dedos e comemoraram os gols e pênaltis pegaram a bola do camisa 11 e foram pra rua jogar. E é assim que o Brasil continua, na graça do esporte não só pela vitória, mas pelo sentimento.

Vou sentir saudade de ver as ruas repletas de (boas) camisas amarelas, mas sigo com fé: em 2026 o hexa vem!

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